dimanche 17 janvier 2010

O PRESIDENTE FIGUEIREDO


(c) Christian Rouge
christian-rouge@orange.fr 
O carro dos bombeiros chegou na avenida Boa Viagem para verificar até qual andar do Othon Palace Recife, onde eu era o Diretor geral, alcançaria a escada mecânica. Daqui a poucos dias iria chegar o general João Batista Figueiredo que foi o último Presidente militar da República Federativa do Brasil. Escolhemos a suite 801 na frente do mar e dos arrecifes, com mais alguns apartamentos para a comitiva. Três anos atrás, em 1981, tinha conhecido o Presidente Ernesto Geisel no Bahia Othon de Salvador e as minhas lembranças daquele militar não eram das melhores. Homen frio e de poucas palavras fez exigência duma garrafa de Swing um whisky impossível de encontrar em Salvador naquela época. Eu tive que encomendar no Rio de Janeiro e veio pelo malote da empresa . Desse fato eu temia um pouco pela chegada do seu sucessor e tinha reunido o pessoal do oitavo andar para que tudo fosse impecável. O Othon do Recife era um hotel com 264 apartamentos, duas piscinas, dois bares, uma cafetaria e um restaurante. Não era um hotel de grande luxo e a estrutura tinha vários defeitos que dificultavam as operações. A rede Othon, o primeiro grupo hoteleiro do Brasil, alugava este prédio a dois irmãos espanhois que eram um pouco sem vergonha. Os comentários diziam que alguns materiais da construção tinham sido roubados em outras obras. De fato eu tinha muita dor de cabeça com a manutenção da estrutura. Mas os funcionários do hotel eram boas pessoas e os chefes dos diferentes departamentos bastante eficientes. Eu tinha conseguido organizar uma boa equipe de trabalho e o meu comando era muito respeitado. Eu morava numa suite no décimo andar e passava a semana inteira sem sair do prédio ocupado com as minhas tarefas, mas aquilo era muito gratificante. 
O Presidente chegou de helicóptero no aeroporto dos Guararapes e iria receberlo para dar-lhe as boas vindas em nome do grupo Othon. Estavam presentes o Governador do estado de Pernambuco, o Prefeito da cidade e numerosos oficiais. Mas tudo bem, o homen parecia estar com boa disposição, vestia roupa civil, e convidei para o levar no meu carro até o hotel. Aquilo não estava previsto no protocolo, mas ele aceitou. Durante o percurso começamos a conversar e descobriria uma pessoa muito simples e natural. Chegamos na recepção do hotel e os empregados estavam todos alinhados, aquilo parecia uma parada militar. Eu ria na minha cabeça achando esta disciplina bastante original. Subimos na suite e o homen quiz beber um whisky, nao lembro bem da marca mas não era nada excepcional. Sentamos no grande sofá da sala com mais três pessoas que vestiam militar. O whisky chegou com balde de gêlo e canapés frios, excelente trabalho do pessoal do restaurante. Brindamos e seguimos conversando. O Presidente queria algumas informações em relação a cidade de Paris que ele tinha visitado tempo atrás. E vamos bebendo whisky e comendo canapés deliciosos. Passou meia hora e de repente ele me disse « Nao precisa me dizer senhor Presidente, pode me chamar João Batista » aquilo foi surpreendente para mim. 
Inicialmente a estadia do Presidente era de seis dias, mas aquilo foi modificado. Primeiro ele ficou dois dias, foi para Brasília e retornou de novo para o Recife por mais uma semana. Cada dia na parte da manhã ele descia com roupas de banho e ia para praia que ficava na frente do hotel. As vezes eu atravessava a avenida Boa Viagem para saber se precisava de alguma coisa. Ele pedia que colocase roupas adequadas para podermos tomar banho juntos, mas não era possível, tinha que trabalhar de gravata e terno. Antes do almoço e do jantar, que sempre eram organizados na suite, ele chamava o meu escritório para que eu fosse tomar um aperitivo com ele… Eu não vou dizer que era um amigo, de fato não, mas aquela convivialidade que ele demostrou ao meu respeito nao poderei jamais esquecer.




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